top of page

As Quatro Estações


A Camerata Florianópolis apresenta:

Antonio Vivaldi “As Quatro Estaçoes” e

Joseph Haydn “Concerto No.1 para Violoncelo”

Solos de Moises Bonella (violino) e Raphael Buratto (Violoncelo)

Regência de Jeferson Della Rocca

A Camerata Florianópolis, sob a regência do maestro Jeferson Della Rocca e solos do violinista Moises Bonella e do violoncelista Raphael Buratto, realizará no dia 27 de junho, mais um concerto erudito de sua Temporada 2017. Constituem o programa, duas importantes obras dos compositores Antonio Vivaldi e Joseph Haydn: As Quatro Estações Op. 8 “Il Cimento Dell’Armonia e Dell’Invenzione” (O Confronto entre a Harmonia e a Invenção) e o Concerto para Violoncelo e Orquestra No. 1, em Do Maior.

Trata-se de duas obras muito importantes e conhecidas dos períodos Barroco e Clássico, interpretadas por Moises Bonella (Vivaldi), violinista brasileiro radicado nos Estados Unidos, doutor em violino pela Universidade da Georgia (EUA) e por Raphael Buratto, violoncelista da Camerata Florianópolis, mestre em violoncelo pela Universidade de Montreal (Canadá).

O concerto conta com o patrocínio da Intelbras, Engie, WOA Empreendimentos Imobiliários, através da Lei de Incentivo à Cultura – Ministério da Cultura e apoio da Fundação Catarinense de Cultura.

O Programa

Os concertos de Vivaldi estão a meio caminho entre o concerto grosso e o concerto para solista, apresentando três “camadas” instrumentais distintas: o violino principal, um grupo restrito de solistas (o concertino) e o tutti dos demais instrumentos (ripieno ou concerto grosso). Uma das novidades introduzidas pelo compositor é a valorização do andamento lento no concerto de maneira semelhante aos rápidos através da introdução de uma melodia bem elaborada. Os quatro concertos que compõem as Estações encabeçam uma série de doze, intitulada “O Confronto entre a Harmonia e a Invenção”, ou seja, entre as rígidas normas de harmonia da época e a liberdade e fantasia do compositor. Cada concerto é acompanhado de um soneto, que descreve em poesia a cena retratada musicalmente. Além disso, na própria partitura são indicados os sons da natureza e o estado de espírito dos homens sob efeito dos ciclos meteorológicos, seja a dança alegre dos aldeães, a bebedeira sonolenta destes após a festa, ou o choro depressivo de um pastor ao anuviar-se o tempo para uma tempestade de verão.

O Concerto para Violoncelo No. 1 em C major , de Joseph Haydn, foi composto entre 1761-65 e dedicado ao violoncelista Joseph Franz Weigl , spalla da Orquestra Esterházy do Príncipe Nicolás.

Entre as músicas sinfônicas exigidas de um compositor da época, os concertos para instrumentos solistas possuíam características fundamentalmente diferenciais. Eram compostos para ocasiões e solistas específicos, devendo considerar os recursos individuais do instrumentista e o gosto particular de quem fizera a encomenda. Haydn (ao contrário de Mozart) não era um instrumentista virtuose, e os concertos de piano escritos para seu uso próprio excluem a virtuosidade inerente ao gênero. Mas, na corte de Esterházy havia brilhantes solistas, dentre eles o violoncelista Joseph Weigl. Para eles, o compositor escreveu vários concertos, cuja maioria se perdeu. Algumas dessas partituras, pelo caráter utilitário e imediatista de sua gênese, permaneceram apenas esboçadas; outras foram destruídas no incêndio da Casa de Ópera de Esterháza (1779) e muitas se extraviaram. Alguns manuscritos só recentemente foram descobertos, como é o caso do Concerto para violoncelo em Dó maior, cujo tema principal do primeiro movimento fora anotado pelo próprio Haydn no catálogo de suas obras, datado de 1765. A partitura foi reconstituída a partir das partes orquestrais encontradas por Oldřich Pulkert, zeloso bibliotecário do Museu Nacional de Praga, em 1961. Embora algumas dúvidas tenham sido levantadas sobre a autenticidade do trabalho, a maioria dos especialistas acredita que Haydn foi realmente o compositor deste concerto.

Desde então, por suas inegáveis qualidades, o Concerto se impôs imediatamente ao repertório. O Moderato inicial corresponde à forma sonata clássica (exposição, desenvolvimento e reexposição). Constrói-se sobre um primeiro tema – facilmente memorizável pelos seus ritmos pontuados – e um maravilhoso segundo tema contrastante. Apesar do classicismo formal, o movimento mantém-se impregnado de espírito barroco pela alternância dos solos com os tutti orquestrais. O Adagio seguinte, um dos mais eloquentes de Haydn, possui caráter mais clássico e muito cantante. O Allegro molto final possui um ímpeto irresistível, exigindo que o solista e a orquestra se projetem em um turbilhão contínuo de extraordinária virtuosidade.

Antonio Vivaldi

Vivaldi é considerado como um dos principais compositores da música barroca e um dos maiores violinistas de sua época. Em 1703, Vivaldi tornou-se padre, vindo a ser apelidado de Il Prete Rosso ("O Padre Vermelho"), muito provavelmente devido ao seu cabelo ruivo. Em 1704, passou a ensinar violino num orfanato de moças chamado Ospedale della Pietà em Veneza. Vivaldi compôs para elas a maioria dos seus concertos, cantatas e músicas sagradas. A música de Vivaldi é particularmente inovadora, quebrando com a tradição consolidada em esquemas; deu brilho à estrutura formal e rítmica do concerto, repetidamente procurando contrastes harmônicos, e inventou melodias e trechos originais, era francamente capaz de compor música não acadêmica, apreciada pelo público geral, e não só por uma minoria intelectual. Contudo, nem todos os músicos demonstraram o mesmo entusiasmo: Igor Stravinsky afirmou em tom provocativo que Vivaldi não teria escrito centenas de concertos mas um único, repetido centenas de vezes. Vivaldi, tal como muitos outros compositores da época, terminou sua vida em pobreza. Em sua morte em 1741, foi-lhe dada uma sepultura anônima de pobre. Igualmente desafortunada, sua música viria a cair na obscuridade até aos anos de 1900. Apesar de todos os detratores, de todas as críticas negativas que Vivaldi recebeu, o seu talento é inegável, foi o compositor que inventou, ou pelo menos, estabeleceu a estrutura definitiva do concerto e da sinfonia. A sua facilidade na escrita era impressionante, escrevia tão rápido quanto a pena o permitia. Consta que demorava a escrever um novo concerto em menos tempo que um copista a copiá-lo.

FRANZ JOSEPH HAYDN

Homem simples, de origem camponesa, filho de um carpinteiro, Haydn serviu por quarenta anos como músico da poderosa família Esterházy, combinando as funções de regente e compositor. O ritmo de trabalho era alucinante, envolvendo música de câmara, concertos sinfônicos, óperas, música religiosa ou para o teatro. Felizmente, Haydn dispunha de uma excelente orquestra, permanentemente disponível para a imediata execução de suas obras, privilégio que ele soube aproveitar com sabedoria. Mais tarde, em uma carta ao biógrafo August Griesinger, o compositor relembraria os longos anos passados em Esterháza: “eu podia melhorar, acrescentar, cortar, ousar. Estava isolado do mundo e tive que me tornar original”. Optando pelo experimentalismo, Haydn desenvolveu uma linguagem musical própria, detalhista, intelectual e espirituosa. Sua obra foi decisiva para a fixação e a plena maturidade dos vários gêneros ligados à forma sonata clássica (sobretudo a Sinfonia e o Quarteto de Cordas).

As Quatro Estações – Antonio Vivaldi

Os Sonetos:

“A primavera”: o Primeiro Movimento (Allegro) inicia com um festivo tutti que anuncia a Chegada da Primavera, e com a mesma, o feliz canto dos pássaros. Na sequencia, o murmúrio das fontes que correm docemente. O segundo solo de violino indica a tempestade com os raios e trovões. Mas, apesar da tormenta, sem se importar, ficam os passarinhos, retornando ao seu encanto canoro. O Segundo Movimento (Largo) nos instiga a imaginar os prados floridos e amenos, onde ao som do doce murmúrio de árvores e folhas, dorme o camponês, enquanto, ao lado, ladra o seu fiel cão. O Terceiro Movimento (Allegro), em forma de dança pastoral, representa uma festiva reunião, onde ao som alegre das gaitas camponesas, dançam as ninfas e os pastores, sob o ansiado céu de primavera, a surgir, brilhante.

“Sob a dura estação, com sol a pino, extenuam-se tanto os homens como os animais e o pinheiro arde”, neste contexto se dá início ao Primeiro Movimento (Allegro nom molto –Allegro) do concerto No 2, “O Verão”. Num primeiro solo de violino e violoncello, não é difícil perceber a intenção do autor em imitar o canto do cuco e, com ele, também o canto da pomba e o rouxinol. Um novo tema orquestral representa o doce sopro do Zéfiro, mas apesar disso, o vento boreal move-se desafiante ao lado dele. Um último solo de violino, expressa o triste choro do pastor, pois, apesar de tudo, ele teme a borrasca feroz e o seu destino. No Segundo Movimento (Adagio), o mesmo pastor estica seu corpo, procurando repouso, apesar do medo dos trovões furiosos e das abelhas e vespas ao seu redor. Mas, no difícil Terceiro Movimento (Presto), eis que seus temores se confirmam, o céu grandioso troveja, fulminante, quebrando os troncos do trigo, dizimando os grãos.

“O Outono”: Pode-se sentir já no primeiro tutti e conseqüente solo de violino do Primeiro Movimento (Allegro), novamente um ambiente alegre, onde, segundo os sonetos de Vivaldi, o camponês celebra com festas e cantos a feliz colheita, com intenso prazer. O mesmo está tão aceso pelos licores de Baco (segundo solo) que acaba com sono a sua alegria (Larghetto no final do Movimento). Com um solo de Cravo no Segundo Movimento (Adagio molto), uma linda ária, temperada com doçura, faz com que se encerrem as festas e os cantos; e a estação convida todos para um suavíssimo sono, como todos bem queiram. Terceiro movimento (Allegro) – No dia seguinte, o caçador sai à caça com trompas, espingardas e cães ferozes. Na seqüência a fuga da preza com os caçadores seguindo suas pegadas. Já esgotada e temerosa com o grande alvoroço de rifles e cães, a presa é ferida, tenta fugir, mas é atingida e morre.

Os primeiros trinados do Primeiro Movimento (Allegro non molto), do concerto No 4, O Inverno, nos repassam a imagem de alguém tremendo sem parar sobre a neve, castigado ainda pelo severo soprar do vento cortante, anunciado já pelo primeiro solo de violino, gerando um clima de tensão que culmina no tutti orquestral, que passa a sensação do correr batendo os pés a todo o instante e no último solo do movimento, o bater dos dentes em um frio intenso. O aconchego de ficar ao fogo, quieto e satisfeito, enquanto a chuva do lado de fora a tudo banha, pode ser perfeitamente sentido não somente pelo doce e expressivo solo de violino do Segundo Movimento (Largo), mas também pelo pizziccatto da orquestra imitando a chuva. O Terceiro Movimento (Allegro), é o único movimento rápido da obra que já começa com um solo de violino, sugerindo o caminhar sobre o gelo, a passos lentos, com medo de cair com a tentativa. O tutti seguinte expressa o caminhar com mais decisão e cair sobre a terra, novamente, ir sobre o gelo e correr forte, sem que o gelo se rompa. O tema seguinte em andamento lento e posterior a tempo num confronto entre violino e orquestra, finaliza com vigor a música, ou como Vivaldi desejou, “sentir sair do céu o vento Siroco, o boreal e todos os ventos em pé de guerra. Este é o inverno, ainda assim, há nele alegria”.

Os Solistas

Moises Bonella Cunha - Violinista

Nascido em 1989, o violinista Moises Bonella Cunha tem se destacado pela inconfundível personalidade artística, expressa na sonoridade, na técnica e na paixão de suas interpretações como solista. Em 2011, foi premiado com o Artistic Excellence Award pela Universidade de Indiana (EUA), onde realizou o Bacharelado e o Mestrado em Música pela Universidade da Geórgia (EUA), o Doutorado em Música.

Como solista, Moises tem atuado com Orquestras Sinfônicas e de Câmara, interpretando concertos de Brahms, Saint-Saëns, Mozart, Bach, Vivaldi, Sibelius, Glazunov, Mendelssohn, Bartok. Apresentou-se na Sala São Paulo com os pianistas Arnaldo Cohen e Ney Fialkow. Tem atuado com a Camerata OntoArte em concertos no Brasil, Itália e Rússia. Moisés teve o suporte da Fundação Conrado Wessel e da The Scott C and Kathrin Schusz Latin American Scholarschip para seus estudos Universidade de Indiana (EUA), onde teve como principais orientadores os violinistas Mauricio Fuks e Kevork Mardirossian. No Brasil, estudou com Marcello Guerchfeld, mestre que o preparou para conquistas em concursos, recitais e concertos com orquestras.

Raphael Buratto dos Santos - Violoncelista

Raphael Buratto graduou-se bacharel em violoncelo pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, na classe de Maria Alice Brandão e é mestre em interprétation du violoncelle pela Université de Montréal – Canadá, orientado por Johanne Perron.

Raphael Buratto já participou de vários festivais e masterclasses, sendo orientado por professores do mundo todo como Fábio Presgrave, Mark Kosover (EUA), Carlos Pietro (México), Anatoli Krestev (Bulgária), Ina-Esther Joost (Alemanha), Michael Haran (Israel), Pjotr Meshvinski (Rússia), Yuli Turovsky (Rússia-Canada) e Romain Garioud (França), entre outros.

Raphael Buratto já participou e atuou como solista das principais orquestras e grupos de câmara dos estados de Santa Catarina e do Paraná, dentre elas, a Camerata Florianópolis, SC Piano Trio, Orquestra de Câmara de Blumenau e Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP).

Em 2009 trabalhou como professor substituto de violoncelo e música de câmara na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), na cidade de Florianópolis.

Em Montreal-Canadá, Raphael Buratto teve uma intensa atividade musical, participando de inúmeros grupos de câmera e orquestras, sendo integrante efetivo dos grupos, C4 Quatuor de Violoncelle, Ensemble Arkea e da I Celliste de Montréal.

PROGRAMA Concerto para Violoncelo e Orquestra No.1, em Do maior

Joseph Haydn (1732-1809)

Moderato . Adagio . Allegro molto

Solista: Raphael Buratto

“Il Cimento Dell’Armonia e Dell’Invenzione”, Op8

AS QUATRO ESTAÇÕES ANTONIO VIVALDI (1678-1741)

A PRIMAVERA Concerto em Mi Maior RV 269 Allegro . Largo e pianissimo sempre . Allegro - Danza pastorale.

O VERÃO

Concerto em Sol menor RV 315 Allegro non molto . Adagio – Presto . Presto O OUTONO Concerto em Fa Maior RV 293 Allegro . Adagio . Allegro O INVERNO Concerto em Fá menor RV 297

Allegro non molto . Largo . Allegro Solista: Moises Bonella

Últimas notícias
Arquivo
bottom of page